Terça-feira, 30 de Agosto de 2005

- Parábola da rosa



PARÁBOLA DA ROSA

Um homem plantou uma roseira.
Passou a regá-la constantemente e, um dia, parou para examiná-la com mais
atenção.

Viu o botão que em breve desabrocharia.
Mas notou espinhos sobre o talo e pensou:
Como pode uma bela flor vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?

Entristecido por este pensamento, o homem recusou-se a regar a roseira.
E ela, antes mesmo de estar pronta para desabrochar, morreu.

Há pessoas que, como o homem que deixou a roseira morrer, deixam seus sonhos
agonizarem por falta de cuidados.
Vão se contentando com pouco, na esperança de sofrer menos.

Mas o ideal é estabelecer um objectivo e investir esforços para
concretizá-lo.
Se no percurso aparecerem alguns espinhos, é que estamos sendo desafiados a
superá-los.



Desistir, jamais!!!


Quem deseja aspirar o perfume das rosas, terá que aprender a lidar com os
espinhos.

Quem quer trilhar por estradas limpas, terá que se curvar para retirar as
pedras e outros obstáculos que surjam pela frente.

Por tudo isso, não deixe que nenhum obstáculo impeça a sua marcha para a
conquista de dias melhores.


 
















Viver Livremente editou às 19:58
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Quinta-feira, 25 de Agosto de 2005

- Ser Pai

Ser Pai

Ser pai é, acima de tudo,
não esperar recompensas. Mas ficar feliz caso e quando cheguem. É saber
fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão. É aprender a
tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância (mas compreensão)
com os próprios erros.

Ser pai é aprender, errando, a hora de falar e de calar. É contentar-se em
ser reserva, coadjuvante, deixado para depois. Mas jamais falar no momento
preciso. É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a
morte. É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte
em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.

Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez. É
esperar. É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem
vivendo. Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos
sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam, para que
consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai é: saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir. Falar e
dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento,
vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe
corrói. Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais transferir aos filhos a
quota de sua imperfeição, o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar. É
compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher, ainda que não seja
em vida. Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão.
Mas ir às lágrimas quando chegam.

Ser pai é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz na
personalidade do filho, sempre como influência, jamais como imposição. É
saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta
do filho. É saber brincar e zangar-se. É formar sem modelar, ajudar sem
cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.

Ser pai é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental,
inveja, projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta,
desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender; de
insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão que abre
a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio. O máximo de
convivência no máximo de solidão. É, enfim, colher a vitória exatamente
quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita
para viver. É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo
haver feito para deixar de ser importante.

Artur da Távola













Viver Livremente editou às 22:40
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Domingo, 14 de Agosto de 2005

- Sonho











































































Sina
Simone Salles

I
Não me sinto Poeta,
nem mesmo cronista,
que dirá escritora.
Tão-somente escrevo.
Tudo aquilo que explode
e por dentro me implode.
Torna-se imperativo,
imprescindível, então,
rascunhar, escrever.
Submissa, obedeço.
Catarse, exorcismo, 
digito Palavras na tela.
Se, rebelde, não o fizer,
morro asfixiada por Elas.

II
Inveja é o que sinto dos que
escolhem temas, assuntos.
Falam de tudo um muito.
Princípios profundos,
certezas inabaláveis,
verdades absolutas,
opiniões inquestionáveis.
Pétreos, monolíticos,
nada os agita ou abala.
O mundo, o Ser, a Vida?
Mistérios desvendados.
Questões assentadas.
Enigmas resolvidos.
Equações sem incógnitas.
Qual brincadeira de criança,
basta dar o mote, o tema.
Como num passe de mágica,
eis que das cartolas surgem 
crônicas, contos, poemas
romances, artigos, análises
e até monografia polêmica.


III
Comigo, dá-se o inverso.
Contraditória, fragmentada, 
sei nada de coisa alguma.
De mim, opiniões fogem.
Certezas, juízos, pré-conceitos?
Não as tenho. Nunca os tive.
Verdades eternas, incontestáveis?
Quando muito, duram segundos.
Assuntos? Idéias? Temas?
O que compreendo deles?
Apelo para o sobrenatural:
vaticínios, profecias, vidências. 
Minha aritmética existencial
foi-é subversiva e subvertida.
Nada vezes nada tanto pode ser
igual a tudo ou igual a nada.
A geometria da Vida, em mim,
ganha outras formas, dimensões.
Retas são cortadas por curvas,
ora côncavas, ora convexas,
ligam o nada à coisa nenhuma.
Paralelas, insanas, cruzam-se.
Não aguardam, pacientes, o infinito.
Aos que, porém, duvidam, afirmo.
Há coerência em minha incoerência,
pois que sou assim: caleidoscópica,
visionária, utópica, metamorfósica.
Equilibrista, arrisco-me sobre o
abismo entre sanidade e loucura.
 

IV
Talvez, por tudo isso, seja assim.
Palavras, em mim, surgem.
Elas chegam, se impõem.
Vêm e vão a seu bel-prazer,
sempre à minha revelia.
Nunca pediram licença
ou solicitaram permissão.
Por instantes Delas cativa,
obrigada sou a escrever.
Sobre o quê? Elas determinam.
Se quero falar de liberdade,
Elas ditam melancolia e dor.
Se tomada sou pela ansiedade,
Delas brotam flor, afeto, amor.
Se urgente é sublimar a realidade,
invadem-me em cansaço e dor.
Quando o desejo maior é sorrir
em soluços, profusão de lágrimas,
Elas inundam minha face marcada.


V
Quando Delas, por fim, me liberto,
torno-me oca, no vácuo desorientada.
As Palavras partem como chegam.
Sem qualquer simulacro de despedida 
hasta la vista, au revoir, bye, adeus
Levam o que havia de melhor em mim
Deixam-me muda, vazia, desabitada. 
O que fazer com tamanha liberdade,
se Delas sou serva, refém, escrava?
Ficamos imóveis, inertes, a espera...
Eu e meu carcereiro: o nada.










Viver Livremente editou às 22:58
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